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PAISAGEM DE PORCELANA

Editora: Rocco

Categoria: Romance

ISBN: 978-85-325-2911-4

1ª edição: 2014

Encadernação: Brochura

Formato: 14x21 | 160 páginas

• Finalista do Prêmio Rio de Literatura 2016

Final dos anos 1990. Uma brasileira de 25 anos decide colocar a mochila nas costas e se aventurar em uma cidade do exterior; escolhe Amsterdã, na Holanda. Tudo o que tem é a matrícula num curso selecionado ao acaso e uma quantia irrisória de dinheiro. O que encontra é um país sem montanhas, oprimido pelo monótono céu baixo e pelo frio atordoante. Um lugar que espera apenas respostas binárias – “sim” ou “não” –, onde as refeições se revezam entre sopa de ervilha e sanduíche de arenque, e onde a viajante se torna cada vez mais invisível. Uma terra na qual cartografia e memória se unem para compor uma armadilha poderosa, criando uma história que se reinventa a cada parágrafo. 

Paisagem de porcelana, o aguardado segundo romance de Claudia Nina, é um road book às avessas. O ímpeto da aventura, em vez de atiçar a viagem por estradas e paisagens exóticas, desencadeia um perturbador processo de introspecção e imobilidade. A trajetória da jovem protagonista, narrada em primeira pessoa, descreve de forma lírica e delicada uma investida na névoa: a história de terror e solidão cujos contornos a memória – ou será a loucura? – tratou de embaralhar.

Exercendo o estilo original que já havia demonstrado em Esquecer-te de mim, no limiar da prosa poética, Claudia Nina descreve o momento-limite, a crise absoluta, o esfacelamento. O ponto em que a vertigem da perda amorosa e da solidão se converte mesmo em degradação física – a consciência do corpo desgarrando-se de si.

Encurralada pela paisagem de estranhas amplidões, a jovem viajante – cujo nome só será revelado a certa altura do romance – mantém seu tênue contato com o mundo por meio de apenas três pessoas. Yasuko é a vizinha japonesa de quem se torna cúmplice cotidiana, mas de quem se perde por completo. Peter é o professor afetuoso, porém distante na geografia. Ernest, filho de paquistaneses, é o namorado, mas também a personificação da tragédia: é ele que encarna, pouco a pouco, os olhos de fera do javali. É ele que a ameaça e a leva mais para perto do abismo. É ele que, pouco a pouco, enlouquece. 

Ou será que é a protagonista-viajante quem vai, dia a dia, enlouquecendo? Tudo é movediço em Paisagem de porcelana. Não frágil – instável, isso sim. Transtornado pelas reviravoltas e desmentidos de uma narrativa que parece emergir como fluxo, em que “os episódios vêm em golfadas” e a narradora assume, já nas primeiras linhas, que “a memória não tem detector de mentiras”. Tudo é inconstante, exceto aquela tarde de janeiro na estação de Amsterdã, em 1998, começo e fim de uma viagem perturbadora pelos labirintos da angústia e do medo.

Resenhas:

Carla Bessa

Elias Fajardo

Gaby Urie

Leonardo Tonus

Ligia Braslauskas

Maurício Melo JúniorMa

Mônica Montone

Sérgio Tavares

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